Embora em segredo, doa.

Enquanto sentada, observando o céu, sem lua, sem estrelas, apenas escuro, se perguntou: "Por que sempre falta alguma coisa?". É uma coisa que atormenta, que dói, que dá sede, que corrói o estômago. Aperta o coração, enche os olhos de lágrimas. Só dói. Dói de doer mesmo, dor física, dor espiritual. Não há remédios. E sentir isso, é o preço que se paga por ter sido feliz, ou apenas um obstáculo pra correr atrás da felicidade de novo? Não soube responder, pela primeira vez, a resposta na ponta da língua pulou pra dentro do corpo e se escondeu em meio a confusão. Fazia um frio cortante. Sentiu saudade da infância. Sentiu saudade de cantar alegre e se lembrou do cantar triste do violão. Não soube o que fazer, queria apenas correr. E assim, o fez. Sem um rumo aparente, apenas correu, por minutos, horas, talvez. Sentiu a garganta secar, as mãos incharem, até que parou. Parou em frente um parque. Pode ouvir o som das corujas nas árvores, no breu da noite fria. O som do vento uivar em meio a um inverno rigoroso. Sentiu as pálpebras pesadas e as pernas pedirem por descanso. Não sabia exatamente onde estava e nem se voltaria, ou se tinha pra onde voltar. Apenas deitou-se ali, em um banco qualquer, naquele parque qualquer. Se encolheu, abraçando-se em piedade, e chorou. Pelo restante da noite apenas chorou. Sentia falta de alguma coisa. Queria uma coisa que não podia ter. Era a dor, de não ter o que queria, e saber que ter aquilo também não poderia.

Breath, pain, empty.

No peito pairava uma dor que não sabia de onde vinha. Uma dor que às vezes cessava, porém quando voltava, voltava intensa. Uma angústia inexistente que ao mesmo tempo sufocava. Um paradóxo que a atormentava a alma. Ao mesmo tempo que chorava, tinha vontade de sorrir, e vice-versa. As cores haviam perdido a pigmentação. Ela às vezes entendia os motivos. Sabia que existiam, mas não se enxergava forte o suficiente para encará-los de frente, como mulher. Era uma garota, e tinha medo do mundo. Tinha medo de quem era. Tinha medo do que sentia. Não sabia como agir, como reagir, como se sobressair. Só precisava aprender a viver. Com a dor. Com os sofrimentos. Ela precisava se desapegar de tudo, e principalmente, de algumas pessoas. Ela precisava disso pra poder sorrir.

Everything is empty without you.

Senti um arrepio assim que o vento gelado tocou minha pele. A cortina voando ao lado da janela que dava vista para a lua, lua cheia. Pra variar, quis você comigo, pra me passar o seu calor com os braços fortes, e pra dividir a beleza da lua. Eu fechei os olhos, e como uma resposta em saudade, imaginei, você ali, tocando minha pele, me aquecendo com os dedos quentes e a mão macia. Logo toquei sua mão, envolvi meus dedos nos seus e afirmei. A trouxe até meu rosto, onde deitei-o e fechei os olhos mais firmemente. Ainda não contente, em seus braços me atirei, e ali fiz de acalento, envolvendo meus braços nos seus e querendo ali paralisar, por todo o resto dos tempos. Logo o vento soprou de novo, em um canto triste, como quem canta pra alguém.
Com esse sopro me despertei, suspirei firme, e deitei novamente. Rocei os dedos pelo lençol frio. A cama era vazia sem você ali. E eu queria mais que tudo ter você ao meu lado, pra te encher do meu amor e me fartar com o seu. Pra sorrir ao sentir suas carícias e te marcar com as minhas mordidas. E assim, pensando novamente em como seria com você por perto, adormeci. Adormeci e encontrei você de novo em meus sonhos, mas dessa vez você estava ainda mais lindo que na outra.

"
This heart, it beats, beats for only you."

It's only you and me.

Eu vi a luz da lua contornar seu corpo, os traços do seu rosto. Em uma escuridão não-tão-escura-assim, vi seus olhos brilharem e senti meu coração disparar ao encontrar os meus (olhos) com os seus, maravilhosos, como sempre. Quis chegar mais perto, quis tocar seu rosto, quis sentir seu cheiro e te envolver em meus braços, me aconchegar nos seus. Não pude. Depois de uma total frustração, acordei de novo, era outro sonho, o mesmo sonho, de tantas noites. Chamei por você durante toda a noite. Durante a semana toda. Meu coração chamou, minha mente também. E como dois corações apaixonados estão ligados, você atendeu. Talvez até sabendo, ou não, realizou o único e maior desejo que eu tinha no momento. E voltou, com todo sua graça, seu explendor, sua doçura. Mais uma vez me encantou, como aqueles homens que encantam uma cobra com sua música. À você eu me entreguei, outra vez. E como se fosse a primeira, eu senti tudo de novo. Borboletas voavam desesperadas em meu estômago. Novamente eu tinha você, comigo, pra mim. Meu. Inteiro. Completo. E como dois corações apaixonados novamente juntos, pude sentir o amor fluir em minhas veias, cantar em meus ouvidos, bater no meu coração. Senti o gosto, o cheiro, a delícia que é amar. Te amar. Amar pra sempre. Como sempre amei. Como sempre amarei.

"Em um deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."