You is... Forever.

Me pego perguntando porque será que as coisas tem que ser como elas são. Sim, simples, elas tem que ser como são pois a vida é assim. Mas por que a vida é assim? Injusta, traiçoeira... Triste? Eu não queria que fosse assim. Juro que tentei mudar, tentei evitar. É complicado quando você se vê perdendo todo aquilo que julgava ser seu chão e seu céu ao mesmo tempo. E você? Só tem duas alternativas: Adiar o sofrimento e ver aquilo acabar, ou sofrer de uma vez. Como um livro em seu capítulo final, em que a curiosidade coça os dedos pra mudar a página e os olhos já vermelhos de tanto ler não querem parar, a minha escolha foi logo pular para a última página. Muitas histórias tem finais felizes, outras histórias tem finais tristes, e algumas sem finais, e outras com finais reais. A nossa? Foi uma das páginas da longa vida que viveremos pela frente, um dos muitos caminhos trilhados por aí. Existiu, e com essa tal vida que vivemos, não poderia ter um final diferente. Pés no chão, as coisas seguem em frente. Ponto final, história real.

Me leva.

Hoje acordei querendo paz, querendo sossego, querendo renovar. Uma roupa colorida, uma maquiagem diferente. Tomar café da manhã, sorrir e dizer bom dia. Uma música tranquila. Nada de expectativas, nada de cobranças. Sem responsabilidades, sem querer demais. Agora aprendi que esperar demais é se decepcionar demais. Querer demais, é ter de menos. Agora é menos tudo, mais felicidade. Ser tranquilo, ver o por do sol. Sorrir sem motivos, ouvir os pássaros cantando. Chega de dependência, chega de sofrimento. Sem pensar demais, sem consequências drásticas. Velejar pelas ruas cheias, não ser escravo do relógio. Planos novos, sonhos novos. Vem, vamos além.


"Relaxa baby e flui: barquinho na correnteza, Deus dará."

Ouvirei o seu silêncio quando não restar mais nada.

Não, não fala nada. Apenas me olhe, apenas me sinta. Sorria, sorria também e deixe que a vontade te leve. Mesmo que não dure, quero que guarde essa lembrança, minha imagem sorrindo ao refletir a sua beleza, sorrindo com os olhos. Lembre-se da estrela cadente em que fizemos o pedido de ficar juntos pra sempre, mesmo que a estrela não seja tão boa em realizar pedidos assim. Não sabemos o que vai ser amanhã, então que infinito seja esse momento. Quero você sem medo, sem responsabilidades, e sem preocupações. Estendo minha mão e alizo seu rosto. Pode ser a última vez. Tenho medo, te quero sempre. O que fazer? Só lembre de mim nas tardes de chuva, e ah, não fala nada, apenas sinta. Quero ficar assim, calado, te olhando, até quando puder. Seu perfume, seu toque, meu batom borrado, a roupa amassada. Ontem, foi. Guardarei seu cheiro e seu gosto comigo, sempre.

Outra dose, e talvez mais uma.

Assistindo o amanhecer, ouvindo folk e bebendo conhaque. As flores roxas da flor não-faço-ideia-de-que-nome-seja hoje parecem mais roxas, mais vivas... E eu também. O som baixo do violão no rádio me acalma, e eu gosto do céu da primavera. O sol surge atrás daquela montanha que durante a noite parece sombria, e traz todo seu esplendor pra junto dela. É bonito esse lado escurecido meio rosa meio amarelo meio azul meio cinza, visto de cima. Sentia falta dessa vida de madrugar e poder ver o horizonte. Uma pausa na solidão. De algum jeito meio estranho - ou então bem provável - eu senti falta de você também. E junto com a imagem de seu sorriso que levo na memória, trago a frase célebre "Aquieta coração, o amor não é para o teu bico." Ou então, não mais. Destino foi discrepante, reservou cada um pro seu lado. Quanto a isso me sinto bem, só um pouco bêbada. Os dias de chuva vão vir, então meu humor iluminado vai passar e a vontade voltar. Sei que vou ligar, você sabe que também vai. É o começo de um novo ciclo, e eu só peço mais uma coisa: Não mude de endereço, minhas cartas vão chegar. Me contentarei com não-respostas e silêncios prolongados, então só não deixe-as jogadas ao lado do telefone. Paralamas ainda lembra você, tudo ainda te lembra.

"Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol."


Vai, vem, VOLTA.

Deixe que o vento que sopra seu cabelo de manhã possa trazer seu cheiro até mim. Que o mesmo vento que te sopra traga o tom doce da sua voz aos meus ouvidos. Deixe que o vento amigo te traga pra mim, quando impotentemente eu não posso ir até você, ou você não vem até mim. Se não puderes vir, então pedirei que o vento leve meu beijo até tocar seu rosto, e que sintas ele assim, doce. Quando vou te ver? Quando você vem? Quando vou poder te levar ao meu lugar preferido e ver o pôr do sol aconchegado em seus braços macios? Peço que não se demore. Imploro, pra ser sincero. Sinto sua falta, e te escrevo assim por não parar um segundo sequer de pensar em você. Meu signo combina com o seu, você foi feito pra mim. Com carinho, com amor, com muita saudade.


"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva"

Saudade e só.

Tudo flui, menos eu. Tenho a impressão que ando mas não saio do lugar. Péssima impressão de que o tempo está indo e eu estou ficando pra trás. Devo aprender que as coisas mudam, e que eu devo acompanhá-las. Mas o que fazer se odeio mudanças? Odeio coisas fora do lugar, odeio ter que me adaptar. E quando elas vão, não acho lugar para encaixar outros no lugar das passadas. Para mim não existe a ação de substituir. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E a culpa disso tudo não é minha. É da terrível solidão que se tornou minha companheira, e me acompanha onde vou. Hoje, em pleno desespero, corri pros braços de minha mãe. O que ela disse? "Vai fazer um bolo de chocolate pra adoçar sua vida.". Eu fiz. Ela veio experimentar e perguntou se eu estava melhor. Falsifiquei um sorriso no rosto e respondi que sim. Fingir um sorriso é a coisa que mais faço ultimamente. Alguém conte a mamãe que não é um doce que vai me adoçar, não é um punhado de açúcar ou uma barra de chocolate. Meu doce é alguém, e meu doce ficou amargo. Além da amargura, agora só sinto saudades. Pra amenizar a saudade fico com as lembranças, a única coisa que me consola, mas ao mesmo tempo me machuca. Por favor, eu preciso agora de uma máquina do tempo, já que de jeito algum consigo te tirar do meu pensamento, e de jeito algum consigo te esquecer. Me machuque mais, volta pra mim, ou por favor, suma da minha vida de uma vez.

"Te mando retalhos de amor"