Apenas lembre

"Assim sentiu o calor dos lábios tocarem e envolverem os seus gelados, por onde uma respiração rápida e nervosa se passava. Sentiu a mão estremecer e um arrepio tocar todo seu corpo. Era uma espécie de droga. Apenas deixou sentir, se deixou levar, tocou-lhe a pele macia, um contraste de temperaturas. Sempre a imaginou quente. E, assim que a apertou, sentiu um frio passar pela barriga e talvez o subconsciente despertar. Por um momento, não quis abrir os olhos, tinha medo de abrir. Porém, ainda com esperança, moveu os braços, os esticou, depois aproximou as mãos, chegou perto do peito, e sentiu as duas tocarem os próprios ombros. Já não te tinha mais alí. Eu nunca tive você verdadeiramente em meus braços." 

Sinto-me impotente. Culpada. Suja. Machuca em mim saber que lhe magoo, mas machuca mais ainda saber que vou estar "longe". Machuca também saber que tudo desmoronou por minha causa, e que eu não fui forte o bastante pra resistir. Perdoa-me por não ter tentado, e perdoa-me por tentar pensar no que vai ser melhor pra você. Sei que agora deve estar com raiva. Não lhe tiro essa razão. Mas só não quero que carregue um peso que não é seu. Perdoa-me pelas vezes que te fiz derramar uma lágrima, garanto que outras pessoas poderam lhe fazer esquecer as que caíram com sorrisos. Apenas me perdoe por ser covarde.  Nunca soube me expressar, e sei que talvez você possa nunca me perdoar. Só não se esqueça então que eu te amo. Amo de uma forma sincera. E quero te ver feliz. Acredite nisso. É impossível não te amar, e quem sou eu pra fugir dessa possibilidade? Lembre-se de mim quando ver a lua. Eu te amo, hoje e sempre.
 

Open the window.

Acordei hoje com uma sensação diferente, que parecia tomar meu coração. Senti como se fosse um pássaro e quisesse abrir as asas... Sair, voar, viver. Senti a esperança, pequena, um brotinho, nascer no meu coração. Esperança como? Em quê? Não sei. Apenas senti vontade de sorrir depois do pôr-do-sol, até ver o dia amanhecer. Quero pertencer somente a mim. Sorrir por minha própria culpa, e ter o maior amor do mundo pela pessoa que vejo no espelho. Eu quero ter a minha felicidade livre, assim como eu, e que isso dependa somente de mim. Chega de ficar preso. Quero um amor livre. Livre. Liberdade. Libertação. A calmaria me alcançou, posso sentir meus pés caminhando por um caminho bom. Quero mais bossa nova, quero paz de espírito. Vem, me enche de alegria, me derrama todo seu amor com um beijo de liberdade.

Solidão em pensamentos

O frio gela meu rosto assim que chego à sacada. Vejo a noite silenciosa, luzes apagadas. A cidade dorme as escuras enquanto eu ainda estou aqui, no breu dos meus pensamentos, seu dormir. Eu havia prometido pra mim mesma nunca mais fazer promessas. Eu quebrei minha promessa e prometi não chorar por ninguém. Quebrei de novo. Eu só não consigo ser forte quando meu corpo não consegue mais. Meu coração pede socorro, minhas lágrimas estão secando e meu corpo gelado. Aí me lembro de uma pergunta besta que me fizeram um dia: "O que você mais deseja nesse momento?". Assim me questiono de novo, e respondo: "Eu quero paz. A minha paz específica. Desejo uma paz que tem braços, pernas e face. Tem um coração batendo. Que me aqueceu nos dias frios e fez meu coração bater desesperadamente. Causou-me suspiros e delírios, assim como dor e sofrimento. Desejo a paz do amor que tive por agora não tenho mais ao lado, somente dentro do peito. Desejo ele." Infelizmente não quero uma paz qualquer. Por que nunca queremos o que podemos alcançar ou o que é de fácil entendimento? Assim me questiono novamente, repetindo os mesmos pensamentos por quase todos os dias.

Incertezas de Ano Novo.

Os fogos anunciavam a entrada de um ano novo. Um ano esperado, não só por mim, mas por muita gente. As esperanças se concentravam nesse ano que entrou. As luzes coloridas clareavam o céu e assustavam os ouvidos, podiam se ouvir também o barulho das risadas e o estouro das champanhes. Alegria reinava em diversos lares, em diversos corações, inclusive no meu. Além da alegria, também existia uma pitada de arrependimento, de frustração. Ouvi dizer que começar um ano com sentimentos ruins não é uma coisa boa, mas não houve tempo pra mudar isso. É difícil saber que você teve algo em suas mãos e deixou escapar por entre os dedos. Viu ir, sem saber que estava indo. Sentiu a dor de ter perdido, ou quase perdido. Claro, admito, até dá pra suportar, não chega a ser uma coisa dói-tanto-que-não-aguento-mais. Mas... Eu queria tanto voltar atrás. Poder fazer o que ali meu coração mandou e eu deixei a razão decidir por mim. Maldita razão que na hora em que não podia resolveu tomar conta. Maldita foi a hora em que não me entreguei em seus braços e não pude sentir-me completamente envolvida em seus beijos, em seu delicioso ser. Ano Novo, sentimentos novos. Não é isso que dizem? Então, eu ainda espero pelo nosso momento de novo, embora lá no fundo eu tenha medo de que talvez não tenha outra oportunidade. Eu acho que te amo. Eu nem sei quem você é.

Embora em segredo, doa.

Enquanto sentada, observando o céu, sem lua, sem estrelas, apenas escuro, se perguntou: "Por que sempre falta alguma coisa?". É uma coisa que atormenta, que dói, que dá sede, que corrói o estômago. Aperta o coração, enche os olhos de lágrimas. Só dói. Dói de doer mesmo, dor física, dor espiritual. Não há remédios. E sentir isso, é o preço que se paga por ter sido feliz, ou apenas um obstáculo pra correr atrás da felicidade de novo? Não soube responder, pela primeira vez, a resposta na ponta da língua pulou pra dentro do corpo e se escondeu em meio a confusão. Fazia um frio cortante. Sentiu saudade da infância. Sentiu saudade de cantar alegre e se lembrou do cantar triste do violão. Não soube o que fazer, queria apenas correr. E assim, o fez. Sem um rumo aparente, apenas correu, por minutos, horas, talvez. Sentiu a garganta secar, as mãos incharem, até que parou. Parou em frente um parque. Pode ouvir o som das corujas nas árvores, no breu da noite fria. O som do vento uivar em meio a um inverno rigoroso. Sentiu as pálpebras pesadas e as pernas pedirem por descanso. Não sabia exatamente onde estava e nem se voltaria, ou se tinha pra onde voltar. Apenas deitou-se ali, em um banco qualquer, naquele parque qualquer. Se encolheu, abraçando-se em piedade, e chorou. Pelo restante da noite apenas chorou. Sentia falta de alguma coisa. Queria uma coisa que não podia ter. Era a dor, de não ter o que queria, e saber que ter aquilo também não poderia.

Breath, pain, empty.

No peito pairava uma dor que não sabia de onde vinha. Uma dor que às vezes cessava, porém quando voltava, voltava intensa. Uma angústia inexistente que ao mesmo tempo sufocava. Um paradóxo que a atormentava a alma. Ao mesmo tempo que chorava, tinha vontade de sorrir, e vice-versa. As cores haviam perdido a pigmentação. Ela às vezes entendia os motivos. Sabia que existiam, mas não se enxergava forte o suficiente para encará-los de frente, como mulher. Era uma garota, e tinha medo do mundo. Tinha medo de quem era. Tinha medo do que sentia. Não sabia como agir, como reagir, como se sobressair. Só precisava aprender a viver. Com a dor. Com os sofrimentos. Ela precisava se desapegar de tudo, e principalmente, de algumas pessoas. Ela precisava disso pra poder sorrir.

Everything is empty without you.

Senti um arrepio assim que o vento gelado tocou minha pele. A cortina voando ao lado da janela que dava vista para a lua, lua cheia. Pra variar, quis você comigo, pra me passar o seu calor com os braços fortes, e pra dividir a beleza da lua. Eu fechei os olhos, e como uma resposta em saudade, imaginei, você ali, tocando minha pele, me aquecendo com os dedos quentes e a mão macia. Logo toquei sua mão, envolvi meus dedos nos seus e afirmei. A trouxe até meu rosto, onde deitei-o e fechei os olhos mais firmemente. Ainda não contente, em seus braços me atirei, e ali fiz de acalento, envolvendo meus braços nos seus e querendo ali paralisar, por todo o resto dos tempos. Logo o vento soprou de novo, em um canto triste, como quem canta pra alguém.
Com esse sopro me despertei, suspirei firme, e deitei novamente. Rocei os dedos pelo lençol frio. A cama era vazia sem você ali. E eu queria mais que tudo ter você ao meu lado, pra te encher do meu amor e me fartar com o seu. Pra sorrir ao sentir suas carícias e te marcar com as minhas mordidas. E assim, pensando novamente em como seria com você por perto, adormeci. Adormeci e encontrei você de novo em meus sonhos, mas dessa vez você estava ainda mais lindo que na outra.

"
This heart, it beats, beats for only you."