Outra dose, e talvez mais uma.

Assistindo o amanhecer, ouvindo folk e bebendo conhaque. As flores roxas da flor não-faço-ideia-de-que-nome-seja hoje parecem mais roxas, mais vivas... E eu também. O som baixo do violão no rádio me acalma, e eu gosto do céu da primavera. O sol surge atrás daquela montanha que durante a noite parece sombria, e traz todo seu esplendor pra junto dela. É bonito esse lado escurecido meio rosa meio amarelo meio azul meio cinza, visto de cima. Sentia falta dessa vida de madrugar e poder ver o horizonte. Uma pausa na solidão. De algum jeito meio estranho - ou então bem provável - eu senti falta de você também. E junto com a imagem de seu sorriso que levo na memória, trago a frase célebre "Aquieta coração, o amor não é para o teu bico." Ou então, não mais. Destino foi discrepante, reservou cada um pro seu lado. Quanto a isso me sinto bem, só um pouco bêbada. Os dias de chuva vão vir, então meu humor iluminado vai passar e a vontade voltar. Sei que vou ligar, você sabe que também vai. É o começo de um novo ciclo, e eu só peço mais uma coisa: Não mude de endereço, minhas cartas vão chegar. Me contentarei com não-respostas e silêncios prolongados, então só não deixe-as jogadas ao lado do telefone. Paralamas ainda lembra você, tudo ainda te lembra.

"Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol."